29 de julho de 2008

O QUE SE ENSINA E O QUE SE QUERIA ENSINAR

Leio com alguma atenção, as 222 páginas dos programas para o Ensino Básico (até ao 9º ano, portanto).
Parece-me bem. Na generalidade, a coisa parece-me bem elaborada a nível de objectivos gerais e até específicos. O que se quer que os meninos saibam no final destes anos, poderia ser melhor, mas é bastante bom.
Então onde é que a coisa falha? Como é que ao fim de 9 anos, mais se incluirmos a pré-primária, os objectos dos programas sabem tão pouco. 90% passam ligeiramente do estado de "embrutecidos" e menos ainda de "ignorantes totais".
O ministério parece que concluiu que a culpa é dos professores.
Os professores que é do ministério e dos seus programas excessivos e frequentemente alheados da realidade....
Mas,se como foi referido atrás, os objectivos eram bons, como se explica esta última hipótese.
Quando olho mais de perto as sugestões (lidas pelos professores como "ordens") de operacionalização, vejo o início do aborrecimento, tédio e desinteresse a começar. A irracionalidade desponta e o disparate dispara. A forma como é proposta aos professores que façam "chegar a matéria" é fraquita, para não dizer mais.
Estes, por seu lado, aceitam a sua aplicação como o "dever do funcionário". Se derem aquilo assim, ninguém os chateia. O que é verdade.
Ninguém, a não ser... os objectos do seu trabalho, os alunos.
Criados numa sociedade entorpecente, ligados pelo rabo ao sofá e deste à televisão e ao computador, esperam que a escola os sirva de bandeja, sem pedir nada em troca. A maioria dos alunos portugueses imagina que a aprendizagem se faz deitado numa "chaise longue" romana, por isso,não podem deixar de achar duros os assentos da escola.
Dos meus contactos com os 3 lados do problema, sai-me a certeza de que ninguém ouve ninguém. E de que ninguém está realmente CONTRA ninguém (mesmo os sindicatos estão apenas a favor da manutenção da mama inútil que é o seu, por assim dizer, trabalho).
Sempre que propus actividades criativas e estimulantes ao Ministério, aos professores ou a alunos, todos reagiram com boa vontade, nalguns casos com entusiasmo. Nenhum se chateou de ajudar, trabalhar mais ou esforçar-se para aprender. Logo, é possível mudar as coisas.
Não acredito que isto se resolva nos tempos mais próximos. Porque daria trabalho, obrigaria a repensar o modelo de escola e o acto de ser aluno.
E, contudo, a minha experiência só me confirma que sim, que seria possível...

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